domingo, 17 de abril de 2011

Agradecimento especial a Chapa 02 - Reconstruir um Sindicato de Lutas - SEEB Fpolis e Região.

Há muito tempo não vivia tamanha emoção.

Sorte Boa aos próximos 3 anos, continuem com essa alegria, com esse olhar solidário e com a fome de transformação.

Desejem mudanças, muitas mudanças.

Um dos mais belos presentes que recebi nos últimos anos e que reafirma o que penso.
Quando trabalhadores e trabalhadoras se reconhecem como parte de um todo, ninguem e nada os tiram da luta!

Beijo no coração de tod@s e principalmente, no coração de cada "Bancário e Bancária Pela Vida", estou muito feliz por ter participado deste processo!

Milhares de mulheres vão às ruas no Iêmen pedir a saída de Saleh

Por Mohammed Ghobari

SANAA (Reuters) - Milhares de mulheres iemenitas protestaram em Sanaa e em outras cidades, no sábado, enfurecidas com as observações do presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, de que o Islã desaprova que mulheres participem ao lado dos homens nas manifestações que visam derrubá-lo do poder.

As mulheres, muitas em trajes islâmicos pretos com véu, disseram que seu papel nos protestos é religiosamente correto e pediram que o presidente renuncie, atendendo ao desejo popular expresso em quase três meses de manifestações.

"Parece que o presidente Saleh fracassou em todos os seus esforços para empregar tribos e forças de segurança para atacar aqueles que pedem a sua saída e, por isso, recorreu ao uso da religião, sobretudo depois que viu que milhares de mulheres estavam participando dos protestos," disse Samia al-Aghbari, líder no movimento de protesto.

Saleh, que advertiu que há riscos de uma guerra civil e de separação do Iêmen caso ele seja forçado a deixar o poder sem uma transição ordenada, pediu à oposição, na sexta-feira, que reconsiderasse o convite para participar de negociações para resolver a crise.

Mas ele também adotou um tom desafiador, chamando a oposição de mentirosa e bandida, e apelando para a sensibilidade religiosa no país muçulmano conservador, criticando a convivência de homens e mulheres que não são parentes entre os manifestantes em Sanaa.

Cerca de 5.000 mulheres protestaram contra ele em Sanaa, no sábado, com números similares na cidade industrial de Taiz, no sul da capital. Os protestos anti-Saleh tiveram o apoio da principal coalizão de oposição, que inclui a esquerda, mas cujo principal membro é o partido islâmico Islah.

"Ó juventude, a honra das mulheres vem sendo difamada," as mulheres gritavam, referindo-se às observações de Saleh.

Algumas mulheres trouxeram suas filhas para os protestos. Uma delas exibia a cara pintada com a imagem da bandeira do Iêmen cercada por um coração na bochecha e a palavra "saia" escrita na testa.

"Se Saleh lesse o Alcorão, não teria feito essa acusação," disse uma manifestante, que se identificou apenas como Majda. "Pedimos que ele seja julgado de acordo com a lei islâmica."

A Arábia Saudita e outros aliados ocidentais do Iêmen temem que um impasse prolongado possa inflamar os confrontos entre unidades militares rivais e causar o caos, o que beneficiaria a facção da Al Qaeda que opera na região montanhosa pobre da Península Árabe.

O ex-ministro e a senzala

Data: 11/04/2011

A declaração do economista e ex-ministro Delfim Netto neste domingo (4/03), no programa “Canal Livre”, da TV Band, que comparou as empregadas domésticas a animais em extinção, evidencia o quanto estamos distante do conceito de igualdade, aqui compreendida em todos seus aspectos. Delfim Netto personaliza o pensamento persistente de um Brasil colonial, que enxergava negras e negros como seres inferiores, feitos para servir a uma elite branca. Séculos nos distanciam daquele período, mas a fala do ex-ministro demonstra que essa cultura escravocrata permanece, lamentavelmente, até os dias atuais. Disse Delfim Netto: “a empregada doméstica, infelizmente, não existe mais. Quem teve este animal, teve. Quem não teve, nunca mais vai ter”. Mais do que uma afirmação infeliz, a comparação demonstra o total desrespeito, a desvalorização e a invisibilidade, além do desconhecimento sobre a realidade da valorosa atividade das quase sete milhões de mulheres trabalhadoras domésticas.

No Brasil, o trabalho doméstico é a ocupação que agrega o maior numero de mulheres, 15,8% do total da ocupação feminina, de acordo com dados disponibilizados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2008), do IBGE. E a maioria dessa categoria é formada por mulheres, sobretudo negras. Desse total, a despeito de todos os incentivos governamentais para formalização da atividade, 73,2% não têm carteira assinada e, por conseguinte, não contam com qualquer amparo trabalhista e previdenciário previstos para todas trabalhadoras e trabalhadores.

A informalidade acarreta uma série de violações de direitos, como carga horária bem acima do limite legal, excesso de horas trabalhadas sem remuneração extra, salários abaixo do mínimo estabelecido, entre outros. Segundo esse levantamento da PNAD 2008 - período em que o salário mínimo era de R$ 415,00 -, o rendimento médio mensal entre as trabalhadoras com carteira assinada era de R$ 523,50. Do total que ainda estão na informalidade, a média caia para R$ 303,00 (27,0% abaixo do teto salarial), sendo a condição das trabalhadoras domésticas negras era ainda pior: elas não percebiam mais de R$ 280,00, ou seja 67,4% do salário mínimo.

O conjunto dessas informações demonstra que, mesmo em uma ocupação tradicionalmente feminina e marcada pela precariedade, as mulheres, e em especial as negras, encontram-se em situação mais desfavorável do que os homens, refletindo a discriminação racial, a segmentação ocupacional e a desigualdade no mercado de trabalho.

O governo federal tem feito esforços para regularização da atividade, incentivando o empregador através de descontos no Imposto de Renda, entre outras ações. Temos como desafio eliminar a desigualdade vivida por mulheres trabalhadoras domésticas no mundo do trabalho. Isso significa não só abordar os aspectos legais, mas de reconhecer e enfrentar o pensamento escravocrata que ainda persiste em parte da sociedade. É lamentável que ainda hoje alguém pronuncie em rede de TV, sem qualquer sombra de constrangimento, o preconceito e a discriminação. Para além da formalização da categoria, o país tem compromissos com a igualdade de gênero e raça, inclusive como signatário de tratados internacionais de direitos humanos.

As declarações do ex-ministro Delfim Netto expõem a face perversa do racismo, do preconceito e o pressuposto de que as pessoas são diferentes e que, portanto, são ou não merecedoras de direitos. Por essa visão, existem os animais e seus “donos”. Identificar os discursos que perpetuam a cultura da desigualdade significa combater a violência dissimulada e a mais explícita, que impedem os avanços sociais, o reconhecimento da cidadania, do tratamento igualitário para todas e todos e, por decorrência, da democracia.


Iriny Lopes
Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM)

Violência contra a Mulher - SC 2014