terça-feira, 11 de dezembro de 2012

REDE DE INTRIGAS: A NOVELA DO TRÁFICO DE MULHERES NO BRASIL

Abaixo, as contradições sobre o tráfico de mulheres no Brasil. Com ótimas reflexões.
A politica de enfrentamento ao tráfico de pessoas no nosso país institui uma série de medidas para prevenção, infelizmente em Santa Catarina, tambem não temos esta política instituída.

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REDE DE INTRIGAS: A NOVELA DO TRÁFICO DE MULHERES NO BRASIL


Por: ELIANE TRINDADE
de SÃO PAULO

Simone Borges, 25, saiu de Goiânia rumo à Espanha, em 1996. Pretendia trabalhar num bar e juntar R$ 6.000 para seu enxoval de casamento. Ao chegar a Bilbao, viu-se obrigada a se prostituir. Pediu que a família avisasse a polícia.

Kelly Fernanda Martins, 26, deixou Guadalupe, na zona norte do Rio, para ten...
tar a sorte como garçonete em Israel, em 1998. Na escala, em Paris, teve o passaporte confiscado pela máfia russa. Relatou ter sido forçada a manter relações com dez homens por dia, em jornadas de até 13 horas.

As duas jovens jamais retornariam. O corpo de Kelly foi encontrado na rua, em Tel Aviv. O atestado de óbito apontou overdose de drogas ou de remédios como "causa mortis". Para a família: assassinato. Já Simone morreu no hospital, em decorrência de pneumonia. "Minha filha era saudável, ela morreu envenenada para não denunciar o esquema", diz João Borges, 77.

Simone e Kelly se converteram em símbolo da luta contra o tráfico de mulheres brasileiras para fins de exploração sexual no exterior. Ambas renasceram na tela da Globo, fundidas na personagem Jéssica (Carolina Dieckmann), da novela das nove "Salve Jorge", de Gloria Perez.

Foi a teledramaturga quem escolheu o tráfico de mulheres como foco do "marketing social" da vez, como são conhecidas as campanhas que a Globo atrela a suas tramas.

"Quando comecei a dizer que ia escrever sobre tráfico de pessoas, ouvi gente muito bem informada dizendo que isso era lenda urbana", disse a autora em entrevista à Folha.
Não só entre "gente muito bem informada", mas até mesmo entre especialistas, não há consenso sobre a questão. Fernando Gabeira, que quando era deputado federal pelo PV-RJ apresentou projetos ligados aos direitos das prostitutas, resume os dois lados da moeda.

"Existem brasileiras em situação de semiescravidão nos países ricos", explica ele, "e existem também muitas prostitutas --travestis e mulheres-- vivendo lá fora de forma estável, sustentando suas famílias aqui e mandando divisas para o Brasil". Ou seja, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

"O problema é que misturam tráfico e prostituição", diz Gabriela Leite, socióloga e prostituta aposentada, como faz questão de se apresentar. Gabriela comprou briga com a Daslu, ícone do consumo de luxo, ao lançar a Daspu, grife ligada à ONG que preside, a Davida. "Não conseguem ver uma prostituta adulta como uma trabalhadora que emigrou, mas, sim, como escrava", afirma. Em 2009, ela publicou suas memórias, "Mãe, Filha, Avó e Puta" (Objetiva).

Para Gabriela, preconceito, xenofobia e interesses dos países ricos em fechar suas fronteiras são o pano de fundo da luta antitráfico: "Com a crise, a Europa não quer mais estrangeiras. Existe hipocrisia moral em relação a quem ganha dinheiro com sexo".

Gabeira vai na mesma direção: para ele, a questão diz respeito à "economia libidinal", na qual os países importam "cotas" de travestis e de prostitutas. "Como se trata de um serviço, a oferta de sexo é regulada pelas forças de mercado. Com a crise europeia, também cai o serviço sexual."

BULLSHIT

No relatório da ONU Globalização do Crime (2010), o Brasil aparece como o maior fornecedor de escravas sexuais da América Latina. "Bullshit", reage o antropólogo americano Thaddeus Blanchette. Ligado a ONGs como a Davida, ele é professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Papo furado", traduz.

O antropólogo toma o conceito emprestado do filósofo Henry Frankfurt. "É a indiferença em relação a como as coisas realmente são", explica. "Não há preocupação com a verdade. Um 'bullshitter' pode estar falando uma verdade ou uma mentira, mas isto é secundário diante do seu principal objetivo, que é impressionar e persuadir uma plateia."

Seus detratores o acusam de insensibilidade e de tentar "desorganizar a unidade em torno da defesa dos direitos humanos", como diz Maria Lúcia Leal, pesquisadora da UnB (Universidade de Brasília) que diz já ter sido tratada aos berros por Blanchette. "Gostaria que fizéssemos um debate sério, mas não com tal violência." Ele admite se exaltar com os adversários. "Eles me tiram do sério."

Há 25 anos no Brasil, onde conheceu a mulher, a antropóloga Ana Paula Silva, da Universidade Federal de Viçosa (MG), ele conta que seu "biotipo" de gringo ajuda a se aproximar de seu objeto de estudo: turistas sexuais. Já ela, negra, conta não ter dificuldades para circular no seu foco de pesquisas, pontos de prostituição lendários, como a antiga boate Help, que fez história em Copacabana.

Os dois uniram forças para contestar a principal base das políticas de combate ao tráfico de mulheres. Recentemente, publicaram artigo na revista "Dialectical Anthropology", da New School for Social Research, com título para lá de provocativo: "Sobre papo-furado e o tráfico de mulheres: empreendedores morais e a invenção do tráfico de pessoas no Brasil".

"Essa questão do tráfico de mulheres no Brasil é uma grande fantasia", disse ele. "Tráfico pressupõe ser dominada, ter o passaporte retido. Não digo que não existe, mas é numa escala muito menor do que se alardeia. O que existe são mulheres que foram trabalhar como prostitutas no exterior por conta própria, mas vão e voltam."

O Protocolo de Palermo (2004), que baliza ações contra esse tipo de crime, define o tráfico como "o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso de força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade". Para os críticos, o texto enquadra toda prostituição, forçada ou voluntária, como forma de escravidão sexual.

O tema divide também as feministas. "De um lado, as abolicionistas, que entendem a prostituição como atividade degradante por reduzir a mulher a objeto. Portanto, é exploração sexual", explica a advogada Monique Xavier, que estudou o tema em seu mestrado. Do outro lado está o movimento feminista transnacional, que defende o direito das mulheres a dispor do seu corpo.

"Para nós, governo, o tráfico independe do consentimento inicial da vítima", disse à Folha a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. "Pressupõe alguma organização e a existência de coerção, não necessariamente física, mas também psicológica e econômica." Segundo ela, "é responsabilidade do nosso país alertar sobre as redes criminosas e apoiar as pessoas que queiram se livrar dessa condição".

PESQUISA

No centro da controvérsia está a Pestraf (Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes), realizada em 2002. Referência internacional e pilar das políticas públicas brasileiras, o levantamento é o principal alvo do casal de antropólogos. Eles contestam tanto a metodologia quanto os resultados do estudo, que mapeou 241 rotas de tráfico de pessoas para fins de exploração sexual no Brasil: 131 internacionais, 78 interestaduais e 32 intermunicipais.

O trabalho foi ponto de partida da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instalada em 2003, para investigar a exploração sexual de crianças e de adolescentes.

Maria do Rosário, que foi a relatora da CPMI, não entra no mérito da metodologia, mas defende a pesquisa como documento político em que o Brasil "assume a existência do tráfico de seres humanos, meninas e mulheres, para fins de exploração sexual".

A principal fragilidade da Pestraf, apontada até mesmo por seus defensores, é ter misturado alhos com bugalhos: não há distinção entre exploração sexual de crianças e adolescentes, tráfico de mulheres adultas e prostituição voluntária no exterior, o que teria inflado os resultados --e a repressão.

"Existem casos de tráfico, mas não podemos dizer que toda brasileira que esteja na Europa em situação de prostituição seja vítima de tráfico", admite a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Leal.

Além da metodologia, Blanchette critica o fundo moralista da pesquisa, que teve entre seus financiadores o programa de cooperação EUA-Brasil, em plena cruzada conservadora da era Bush. "A Usaid [Agência Norte-Amerciana para o Desenvolvimento] financiou o estudo brasileiro enquanto cortava recursos para programas de prevenção à Aids voltados para profissionais do sexo", denuncia. "Não seria exagero dizer que os parceiros internacionais da Pestraf não são propriamente amigos dos trabalhadores do sexo."

Além da Usaid, a pesquisa teve verbas da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e da fundação sueca Save The Children. A agência americana bancou a pesquisa no Nordeste, sob a coordenação da especialista em infância e adolescência Graça Gadelha.
Para ela, a Usaid ajudou no esforço de sistematização de informações até então pulverizadas. "Foi um estudo criterioso, diante da absoluta incipiência de dados."
Coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Leal é taxativa sobre as dúvidas levantadas por Blanchette: "O tráfico de mulheres para fins sexuais existe. Não é invenção. Foi identificado em todo o mundo".

dançarina Longe de toda essa discussão e sem amparo de ONGs ou das autoridades, a cabeleireira paulistana Daiana, 31, tentou duas vezes a sorte trabalhando na Europa como dançarina. Destaque da escola de samba Mocidade Alegre, em 2005 ela foi recrutada para o casting de uma casa de espetáculos em Amsterdã. "Fui para sambar, mas tinha que fazer também dança erótica. As dançarinas eram vistas como garotas de programa. Ainda mais as brasileiras", conta.

Daiana ganhava 3.000 euros por mês. Todo dia, deixava 50 euros com a casa; o resto ela guardava. "Era uma boa grana. Sem prostituição." Três meses depois, voltou.
Em 2007, foi tentar a sorte em Portugal, por 150 euros a hora, no Porto. Fazia "pole dance", dança erótica em torno de um poste, "dança privê" e shows de Carnaval. "Os cafetões ficavam sempre ali, induzindo a fazer programa", lembra ela. "Fiz umas duas vezes. Não era forçado."

O caso de Daiana, para Adriana Piscitelli, do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp, é o típico exemplo de migração. "Utilizo deliberadamente o termo migração para sublinhar minha percepção dessas mulheres como pessoas à procura de oportunidades econômicas e sociais", diz ela.

Dançarinas e garotas de programa, no entanto, tornam-se presas fáceis de máfias que controlam a prostituição. Presa com seis outras brasileiras por estar ilegalmente na Europa, Daiana teve sua fiança de 6.000 euros paga pelo dono da casa de shows. "Ficamos em dívida com o sujeito. Durante nove meses, eu tive de me prostituir."
Mulata de 1,72m e 64 kg, longos cabelos encaracolados, Daiana chegou a ganhar 320 euros por programa. Após quitar a dívida e recuperar seu passaporte, decidiu ficar lá por mais três meses. "Levantei uns R$ 25 mil. Ou você se prostitui de verdade ou não ganha dinheiro. Eles adoram negras. Tudo favorece."

Ela não se considera uma vítima do tráfico: "Fui pra lá porque a situação aqui estava difícil. Você está sozinha num país estrangeiro e o único bem que tem é o seu corpo". Antes de cair na rede de prostituição, ela trabalhou em uma confecção de roupas e de calçados, em situação análoga à escravidão. "Ganhava 20 euros por dia. Trabalhava mais de 14 horas direto. Na noite, eu tirava fácil 500 euros por semana com os shows."
Daiana voltou em 2010, lamentando a sorte de algumas amigas. "Muitas ainda não conseguiram pagar a dívida e ficaram numa situação pior que a minha. Viraram escravas sexuais."

ESTIGMA

Para as autoridades, o caso de Daiana configura tráfico internacional de pessoas, embora ela não figure nas estatísticas oficiais. "Para fugir do estigma ou por não se considerarem vítimas, muitas não denunciam", constata Dalila Figueiredo, da Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude.
Daiana de fato não pediu ajuda no Consulado brasileiro: "Tem muito preconceito porque só veem a gente como prostituta".

Até 2010, a entidade de Dalila era responsável pelo posto de atendimento avançado ao migrante do aeroporto de Guarulhos, por onde entram e saem do país a maior parte das 75 mil brasileiras que estariam sob o jugo do tráfico internacional. A estimativa é repetida à exaustão em trabalhos acadêmicos e reportagens. "É muito difícil quantificar o número exato de vítimas de tráfico de pessoas", admite o secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão.

Amanhã, a ONU vai divulgar o novo relatório global sobre tráfico de pessoas. Na última versão, de 2009, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime calculou em 2,4 milhões o total de vítimas no mundo. "Nenhum país está imune", assevera Rodrigo Vitoria, da ONU. Segundo ele, a atividade movimenta anualmente algo como US$ 32 bilhões.

A escala muda da casa dos milhões de casos para a das centenas no diagnóstico preliminar divulgado em outubro pelo Ministério da Justiça, em parceria com o escritório da ONU. O estudo identificou 457 brasileiros vítimas de tráfico de pessoas, entre 2005 e 2011. Deles, 337 sofreram exploração sexual em países como Holanda, Suíça e Espanha, e 135 foram submetidas a trabalho escravo.

"Esses dados referem-se apenas às vítimas identificadas no exterior pela rede consular do Itamaraty", explica o secretário Paulo Abrão, ao qual está subordinado o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça.

É aí que a Pestraf volta à baila. "Do total de 450 casos de tráfico relatados no estudo, 276 têm como fonte apenas artigos de jornal, ou seja, 61% da amostra", critica Blanchette. Para ele, os dados são frágeis, pois não foram coletados pelos próprios pesquisadores.

"Blanchette defende uma linha de pesquisa positivista, com dados contabilizáveis, sem entender o caráter complexo e inovador de pesquisar universos submersos", afirma Vicente Faleiros, coordenador do Cecria (Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes). "Ele se coloca como investigador verdadeiro, como se a realidade fosse o que ele gostaria que ela seja", rebate.

"A Pestraf buscou informações em diversas fontes, como jornais e dossiês na Justiça, abrindo, dessa forma, espaço para a emergência do submerso", diz Faleiros. "Por não serem militantes dos direitos das crianças e dos adolescentes, os autores não olham para a violação dos direitos humanos e para a realidade de opressão."

Blanchette recusa o apelo emocional: "Em um trabalho científico que vira fonte oficial, não se pode contar acusações de tráfico como se fossem casos comprovados".

A consultora Marina Oliveira, que já trabalhou para o Ministério da Justiça e para organismos internacionais, ecoa parte das críticas à pesquisa, que a seu ver tem mais valor político do que estatístico: "Agora é o momento de ver os dados como realmente são", diz. "Hoje o que se tem é a criminalização da imigração para prostituição."

Depois de analisar 23 decisões judiciais sobre o tema, a consultora conclui: "Até onde as sentenças permitem conhecer o caso não há indícios da existência de uma rede criminosa organizada para aliciar mulheres no Brasil".
Esse estudo descreve uma rede de mulheres que lançam mão de relações de parentesco ou de amizade para entrar no mercado sexual europeu. "O esquema descreve mais uma estratégia de sobrevivência ou de inserção econômica do que os atos de um grupo criminoso."

Em 2009, a Polícia Federal impediu o embarque de um grupo de dançarinas para a Turquia. A ação, desencadeada a partir de uma denúncia anônima, é criticada por Blanchette. "Foi uma atuação preventiva, nenhum crime havia sido cometido até então. Como não existe um 'putômetro', os Estados usam marcador de cor, classe e gênero e dão poderes à polícia para tolher o direito de ir e vir de mulheres pobres e negras, por exemplo."

Ana Paula Silva emenda: "O combate ao tráfico gera mais violações de direitos, com deportação e prisão de prostitutas mundo afora, do que o próprio tráfico".

"Estão se valendo do combate ao tráfico de pessoas para impedir fluxos migratórios e deportar pobres e minorias", corrobora o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), autor de um projeto de lei que regulamenta a atividade das profissionais do sexo. Batizado com o nome de Gabriela Leite, o projeto de Wyllys legaliza prostíbulos, permite a formação de cooperativas e descreve a prostituição como "prestação de serviço de uma pessoa adulta e capaz". "Como trabalhadoras, elas devem ter seus direitos reconhecidos", diz Wyllys.

MITOLOGIA

O casal de antropólogos centra fogo no caso de uma das mártires do tráfico de mulheres no Brasil, a goiana Simone Borges, que empresta seu nome a um prêmio do Ministério da Justiça. "No afã de apresentar o caso como pedra fundamental da mitologia brasileira referente ao tráfico, vários elementos da história de Simone têm sido deixados de lado", diz Blanchette.

Segundo ele, o depoimento de uma colega de Simone indica que ela morreu em decorrência de negligência médica ao tratar sua pneumonia. Na origem, estaria o preconceito da equipe do hospital contra a prostituição e a imigração. Para a família, ela foi vítima de uma máfia. O pai de Simone deu um depoimento emocionado em "Salve Jorge", a novela da Globo.

Uma das colegas de Kelly, a brasileira assassinada em Israel, diz que a novela é como um flashback de sua história. O resgate das brasileiras foi destaque do "Fantástico" e fez o então ministro da Justiça, Renan Calheiros, se deslocar até Israel para acompanhar o desfecho da operação. No Congresso, uma CPI sobre o tema que se encerra nas próximas semanas não trouxe casos tão dramáticos quanto os de Simone e Kelly, ocorridos há quase 20 anos.

"Eu trabalhava das 9h à meia-noite. Tinha que 'fazer' até 20 homens por dia. Ninguém aguenta. A gente não saía nem pra comer. Quando tentamos fugir, minha amiga foi morta", lembra a maranhense de 48 anos que vive no Rio. "A novela é light perto do que eu vivi. A censura não deixa mostrar tudo." Uma cena em que a personagem Jéssica é estuprada teria sido descartada pela Globo.

A colega de Kelly lamenta a morte e o estigma. "Minha irmã ouviu de um policial no aeroporto: 'Enterramos uma puta na semana passada e agora temos que vir buscar mais oito".

ELIANE TRINDADE, 43, jornalista, é autora de "As Meninas da Esquina" (Record), que inspirou o filme "Sonhos Roubados" (2009), de Sandra Werneck.
 
Postado no facebook em 10/12/2012 - Por: "Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas"

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Brasil e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio



O Brasil avançou muito em relação ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e pavimentou o caminho para cumprir as metas até 2015.



O desempenho brasileiro só foi possível em função da participação social e de uma série de políticas públicas colocadas em curso nos últimos anos que trouxeram impactos positivos sobre os ODM. Há bons indicadores, mas há muitos desafios a serem vencidos. Para cada um dos Objetivos existem políticas públicas que vêm aproximando o Brasil do cumprimento das metas. Em algumas áreas o país tem que avançar. Em outras, os indicadores positivos já são realidade.



A situação do Brasil frente aos ODM pode ser traduzida nos seguintes resultados:

OBJETIVO 1 - ACABAR COM A FOME E A MISÉRIA

A meta da ONU de reduzir a fome e a pobreza extrema até 2015 à metade do que era em 1990 foi alcançada pelo Brasil em 2002. Em 2007, a meta nacional de reduzir a porcentagem de pobres a ¼ da de 1990, apesar de mais ambiciosa, também foi cumprida e superada em 2008.

O Brasil sem Miséria potencializou esse esforço. O programa pretende retirar mais de 16 milhões de brasileiros da extrema pobreza. A busca ativa para “encontrar” essas pessoas conseguiu incluir no Cadastro Único, de junho de 2011 a março de 2012, 687 mil novas famílias, que já estão recebendo o Bolsa Família. Em maio de 2012, o programa atendia a 13,5 milhões de famílias.

Outra iniciativa que integra o Brasil Sem Miséria, é o Brasil Carinhoso, lançado em maio de 2012. A meta é a superação da miséria em todas as famílias com crianças de 0 a 6 anos, além de ampliar o acesso a creche, pré-escola e saúde. O benefício para superar a pobreza extrema é de pelo menos R$ 70 por pessoa, que é destinado a famílias extremamente pobres com crianças nessa faixa etária. O início do pagamento, em junho de 2012, reduziu a extrema pobreza total em 40%.



OBJETIVO 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE PARA TODO

Nos últimos anos, houve avanços significativos em termos de acesso e rendimento escolar de crianças e jovens no Brasil. Em 2009, 95,3% da faixa etária de 7 a 14 anos freqüentavam o ensino fundamental. No mesmo ano, 75% dos jovens que haviam atingido a maioridade concluíram o ensino fundamental.

O Brasil convive com uma baixa taxa de conclusão escolar, que pode ser explicada pelos elevados índices de repetência e de evasão. No entanto, a educação básica brasileira já atende a 98% da população: mais de 50 milhões de crianças e jovens. Da educação infantil ao ensino médio, são dois milhões de professores.

O investimento em educação básica foi R$ 114,3 bilhões em 2012, um aumento de 19,12% em relação a 2011. Também em relação a 2011, houve reajuste de 21,2 % no valor mínimo investido por aluno.



OBJETIVO 3 - IGUALDADE ENTRE OS SEXOS E VALORIZAÇÃO DA MULHER

Superar as disparidades entre meninos e meninas no acesso à escolarização formal e promover políticas que ofereçam oportunidades para mulheres ocuparem papéis cada vez mais ativos no mundo econômico e política são ações essenciais para a superação das desigualdades de gênero.

No que diz respeito ao acesso à educação, o Brasil já alcançou as metas previstas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: meninas e mulheres já são maioria em todos os níveis de ensino.

Mesmo que tenha havido melhorias nos indicadores, a desigualdade das mulheres em relação aos homens ainda persiste no mercado de trabalho, nos rendimentos e na política. E a violência doméstica continua atingindo milhares de mulheres brasileiras.

O Programa de Autonomia Econômica das Mulheres e Igualdade no Mundo do Trabalho, busca minimizar parte dos problemas ao promover ações de inserção no mercado de trabalho, inclusão produtiva e geração de renda, nos meios urbanos e rural, além da responsabilização do Estado pelos cuidados e pela educação infantil.

O Brasil celebrou ainda um acordo federativo em torno do “Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher”, que abrange as dimensões da prevenção, assistência, combate e garantia de direitos às mulheres. Atualmente,existem 1.011 serviços de atendimento às mulheres em situação de violência.

Entre 2003 e 2011, a População Economicamente Ativa (PEA) feminina cresceu 17,3%, enquanto a PEA masculina aumentou 9,7%. A participação das mulheres na PEA passou de 44,4% em 2003, para 46,1% em 2011. No mesmo período, as mulheres aumentaram sua participação na população ocupada, passando de 43,0% para 45,4%.

Diminuíram as diferenças entre os rendimentos do trabalho. Entre 2003 e 2011, o rendimento real médio das mulheres cresceu 24,9%, variação superior à observada entre os homens. A remuneração média das mulheres passou a corresponder a 72,3% da masculina, em 2011, situação menos desigual que em 2003, quando esta proporção equivalia a 70,8%.


OBJETIVO 4 - REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL

A taxa de mortalidade infantil (menores de 1 ano) por mil nascidos vivos passou de 29,7, em 2000, pra 15,6, em 2010. Essa taxa é menor que a meta prevista para 2015, de 15,7 por mil nascidos vivos. A queda mais acentuada ocorreu na região Norte (-58,6%), que ainda apresenta a taxa mais elevada do Brasil:18,5 por mil nascidos vivos.

A taxa de mortalidade das crianças abaixo de cinco anos apresentou queda de 65% entre 1990 e 2010. O número de óbitos por mil nascidos vivos passou de 53,7 para 19 óbitos. Os indicadores demonstram que tanto as taxas de mortalidade na infância (menores de 5 anos) e infantil (menores de 1 ano) apresentaram forte queda entre 1990 e 2010. A mortalidade infantil está concentrada nos primeiros meses de vida, no período neonatal precoce (0 a 6 dias) e neonatal tardio (7 a 27 dias).


OBJETIVO 5 - MELHORAR A SAÚDE DA GESTANTE

Este é o Objetivo que o Brasil tem mais dificuldade de atingir. O país melhorou, mas ainda não alcançou a meta de reduzir em ¾, entre 1990 e 2015, a razão da mortalidade materna. Segundo estimativas da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a razão da mortalidade materna era de 141 por 100 mil nascidos vivos em 1990 e declinou para 68 por 100 mil nascidos vivos em 2010. Entre janeiro e setembro de 2011, a mortalidade materna diminui 21%. Ocorreram 1.038 óbitos por complicações na gravidez e no parto, contra 1.317 no mesmo período de 2010. A meta é atingir 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos em 2015.

O governo federal criou o “Saúde Mais Perto de Você” e o “Rede Cegonha”, que é composto por quatro componentes: pré-natal; parto e nascimento; puerpério e atenção integral à saúde da criança; e sistema logístico, com transporte sanitário e regulação.o

Em 2011, a tendência de queda continuou, com a diminuição de 21% dos óbitos maternos em relação a 2010. No primeiro semestre de 2011, foram notificados 705 óbitos por causas obstétricas. No mesmo período de 2010 foram registrados 870. De 2003 a 2010, aumentou em 125% o número de gestantes com sete ou mais consultas de pré-natal e a proporção de mães brasileiras que não fizeram nenhuma consulta foi reduzida de 4,7% para 1,8%. Em 2011, mais de 1,7 milhão de gestantes fizeram no mínimo sete consultas de pré-natal.


OBJETIVO 6 – COMBATER A AIDS, A MALÁRIA E OUTRAS DOENÇAS

A experiência brasileira de combate à epidemia de HIV/Aids se tornou uma referência mundial. Desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2011, o Brasil registrou 608,2 mil casos de AIDS, mas a taxa de incidência passou de 20,0 por 100 mil habitantes em 2003 para 17,9 por 100 mil habitantes em 2010. Foram notificados, em 2010, 34.218 novos casos da doença.

O Brasil tem conseguido controlar a malária. O número de exames positivos por mil habitantes caiu de 33,2, em 1990, para 13,1 em 2010. A malária está concentrada na região norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima), com mais de 95% dos casos.

Também em relação à tuberculose, o Brasil tem conseguido alcançar a meta de reduzir a incidência: o número de casos novos por 100 mil habitantes caiu de 51,8, em 1990, para 37,6, em 2010. O Brasil antecipou em cinco anos o cumprimento da meta dos ODM, que era reduzir pela metade os óbitos pela doença entre 1990 e 2015.

Assim como no caso do HIV/Aids, os gestores da saúde têm buscado estruturar a vigilância epidemiológica para o enfretamento dessas e de outras doenças transmissíveis, tais como a tuberculose e a dengue. O maior desafio é combater a dengue, pois a incidência tem aumentado. No Brasil, de janeiro a abril de 2010, ocorreram 467 mortes causadas por dengue. Já de janeiro a abril de 2012, foram 74 óbitos. Os casos graves de janeiro a abril de 2010 foram de 11.485, contra 1.083 identificados de janeiro a abril de 2012. Houve uma queda de 84% nos óbitos por dengue e redução de 91% nos casos graves.

Foram criados programas nacionais de controle da Malária, da Dengue e da Tuberculose para reduzir a incidência das doenças e o número de vítimas.


OBJETIVO 7 – QUALIDADE DE VIDA E RESPEITO AO MEIO AMBIENTE

A taxa de desmatamento da Amazônia entre agosto de 2010 e julho de 2011 foi a menor registrada desde a primeira medição feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1988. A área de 6.418 km² desmatada no período é 76,9% menor do que a registrada em 2004, quando foi criado o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal. Atualmente, 81,2% da floresta original da Amazônia permanecem conservados.

Em relação aos compromissos de Copenhague, O Brasil já havia reduzido a emissão de gases de efeito estufa em 19,2% , até 2011, apenas como efeito da diminuição do desmatamento na Amazônia. É mais que a metade da meta voluntária, de 36,1%, a ser alcançada em 2020. Quanto ao desmatamento, o compromisso é alcançar uma redução de 80% em relação à média anual registrada entre 1996 e 2005. A queda do desmatamento já corresponde a 67% dessa meta.

O Brasil pode contar ainda com 75,1 milhões de hectares de Unidades de Conservação Ambiental federais. A homologação de terras indígenas já atinge 109,77 milhões de hectares, cerca de 12,9% do território nacional. As terras indígenas são responsáveis pela preservação de 30% da biodiversidade brasileira.

Até maio de 2012, 23 mil famílias que vivem ou trabalham em florestas nacionais, reservas federais extrativistas ou de desenvolvimento sustentável e assentamento ambientalmente sustentáveis estavam recebendo o pagamento trimestral de R$ 300 para que continuem realizando a conservação de ativos ambientais.

O Brasil já atingiu as metas dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio relativas ao abastecimento de água e ao esgotamento sanitário. De uma forma geral, o Brasil ruma à universalização do acesso ao abastecimento de água no meio urbano, com aproximadamente 91,9% dos domicílios ligados à rede de abastecimento; se considerarmos o abastecimento de água por poço também como adequado, a cobertura passa para aproximadamente 97,4% (Censo 2010). No semi-árido foram entregues 83.258 cisternas em 2011. Até julho de 2012 foram entregues 40.033. As cisternas construídas em 2011 e 2012 estão beneficiando 123 mil famílias.

No caso do esgoto, no entanto, ainda estamos longe da universalização. O total ligado à rede coletora ou à solução individual por fossa séptica é de 75,3% (Censo 2010).


OBJETIVO 8 – TODO MUNDO TRABALHANDO PARA O DESENVOLVIMENTO


Alcançar o desenvolvimento é uma responsabilidade coletiva de toda a comunidade internacional. No caso brasileiro, a implementação de políticas públicas é no sentido de aumentar a inclusão social.

Em uma federação complexa como a brasileira é necessário realizar esforços para tornar a gestão municipal eficiente e eficaz e capaz de acelerar a execução dos investimentos públicos, de manter as políticas sociais, de realizar ações de diversificação da economia local, bem como de melhorar o ambiente de negócios e a qualidade do gasto público.

Sobre a pauta brasileira com outros países, deve-se destacar a intensificação da agenda bilateral e o fortalecimento das relações com países da América Latina e Caribe.


SAIBA MAIS:
www.portalodm.org.br

www.nospodemos.org.br

www.pnud.org.br

Fonte: Caderno Destaques (www.secom.gov.br/www.planalto.gov.br)

Brasileiros preocupam-se mais com questões sociais, do que com meio ambiente

Para o coordenador de Programa Educação para Cidades Sustentáveis da organização WWF Brasil, Fábio Cidrin Gama, os resultados indicam que será necessária uma grande sensibilização para mudar a atitude do brasileiro em relação ao tema.







05.12.2012

Agência Brasil



As questões sociais preocupam bem mais o brasileiro do que as questões ambientais, aponta pesquisa do Programa Água Brasil, apresentada durante a Reviravolta Expocatadores 2012, na capital paulista. Temas como aquecimento global, acúmulo e descarte inapropriado de resíduos e contaminação de rio e mananciais são apontados como principais problemas por apenas 7% dos entrevistados. O estudo sobre o nível de consciência da população sobre práticas sustentáveis foi encomendado ao Ibope.



Quando questionados sobre os três principais problemas que afetam o país atualmente, os temas mais recorrentes aos entrevistados foram saúde (70%), desemprego (53%), fome (50%), corrupção (42%) e educação pública (39%). Temas relacionados ao meio ambiente ficaram em penúltimo lugar, perdendo apenas para o item economia global, que foi citado por 2% dos entrevistados. Participaram do estudo 2.002 pessoas em todas as capitais e mais 73 municípios, em novembro do ano passado.



Para o coordenador de Programa Educação para Cidades Sustentáveis da organização WWF Brasil, Fábio Cidrin Gama, os resultados indicam que será necessária uma grande sensibilização para mudar a atitude do brasileiro em relação ao tema, especialmente no momento em que o país se organiza para implementar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). "A pesquisa mostra que há esperança, mas para essa mudança. A gente vai ter que sensibilizar muito toda a sociedade para que as pessoas assumam [a destinação correta do lixo] como um hábito e um dever de cidadão", destacou.



Gama aponta que um dos aspectos mais positivos da pesquisa é a disposição do brasileiro em participar da coleta seletiva. Por outro lado, ele lamenta que ainda haja muito desconhecimento sobre a destinação correta do lixo e sobre o papel que cada um deveria cumprir nesse processo. "Em relação ao símbolo da reciclagem, os brasileiros acham simplesmente que tendo aquele símbolo o material vai ser reciclado", declarou. O coordenador destaca que para haver o reaproveitamento do resíduo ainda são necessárias muitas etapas, como a própria separação a ser feita pelo consumidor.



A pesquisa mostra também que o brasileiro está disposto a assumir outras atitudes sustentáveis, além da coleta seletiva. Cerca de 34% dos entrevistados declararam que abririam mão de determinados produtos mesmo que interferisse na sua comodidade. Percentual semelhante (33%) passaria a exigir aos fabricantes soluções com intuito de que o produto tivesse menor impacto no meio ambiente. Ainda é baixo, no entanto, a quantidade de pessoas (23%) que não comprariam materiais que não fossem recicláveis ou reutilizáveis.



Para Severino Lima Júnior, membro do Movimento Nacional de Catadores de Rua (MNCR), a pesquisa destaca o papel do catador de rua na cadeia de reciclagem no Brasil, já que 26% dos entrevistados apontam que eles são os responsáveis pela coleta seletiva. Para metade (50%), ela é feita pelas prefeituras e 12% apontam as cooperativas. "Isso mostra que o modelo adotado no país tem potencial para ser mais exitoso do que outros formatos faraônicos, defendidos por alguns, como a participação de grandes empresas de reciclagem", defende.





  Esta notícia relaciona-se ao Objetivo do Milênio 7 - Qualidade de Vida e Respeito ao Meio Ambiente.





Senado aprova benefício integral para gestantes de alto risco



Entre 15% e 20% das gestações são consideradas de risco


10.12.2012

Agência Brasil



A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou, em caráter terminativo, projeto de lei que garante à gestante de alto risco licença especial remunerada. Pela proposta da senadora e atualmente ministra da Cultura, Marta Suplicy, as gestantes nessa situação terão direito ao valor total do salário de benefício calculado pela Previdência Social durante todo o período de alto risco.



A matéria vai agora à apreciação da Câmara dos Deputados. A licença especial em caso de risco à gestante ou ao bebê terá que ser comprovada por laudo médico.



A relatora da matéria, Lúcia Vânia (PSDB-GO), destacou que entre 15% e 20% das gestações são consideradas de risco. Isso, segundo ela, exige "repouso e cuidados especiais, para a preservação da mãe e da criança, o que demanda o afastamento da mulher grávida de suas funções profissionais habituais".



Lúcia Vânia ressaltou ainda que a legislação já contempla a garantia de emprego à grávida, inclusive no período de licença-maternidade de quatro meses. Segundo a senadora, a mesma lei também estabelece o recebimento de auxílio-doença nos casos em questão. "Essa regulamentação [prevista na legislação em vigor], contudo, não é isenta de problemas, o que justifica a aprovação do projeto de lei".



Entre essas pendências ela destacou que a lei em vigor não prevê os parâmetros de fixação do valor e da concessão do benefício. O projeto define o pagamento do auxílio-doença no valor integral do salário.




Esta notícia relaciona-se ao Objetivo do Milênio 5 - Melhorar a Saúde das Gestantes.



Violência contra a Mulher - SC 2014