sábado, 3 de março de 2012

De princesa a presidenta




Na eleição da presidenta Dilma Rousseff, fiquei extremamente tocada com a ênfase que ela deu à questão da mulher. Tanto no discurso no dia em que ganhou quanto no da posse, as palavras "compromisso" e "protagonismo feminino" soaram como música aos meus ouvidos e nos de milhares de mulheres do Brasil.

Depois, fiquei pensando quão difícil seria colocar essas intenções em ação. A resistência dos partidos em fazer indicações femininas, a timidez de muitas mulheres em pensarem-se como protagonistas, o desinteresse nas questões da mulher, os embates ideológicos... De fato, muitas montanhas a serem escaladas.

A pergunta fundamental que me faço hoje é: fez diferença ter uma mulher presidenta? Fez. Por motivos que não têm a ver com qualquer movimento específico da presidenta e também por ações concretas que ela implementou.

A mera presença de uma mulher no comando do país provocou, de imediato, um impacto. Consequência que possibilitou a mim a vice-presidência do Senado depois de 185 anos de hegemonia masculina e a nomeação da primeira diretora-geral da Casa.

A presidenta se debruçou com cuidado sobre os nomes femininos para os ministérios. Os partidos nunca "encontram nomes". Sei a mão forte que é necessária para atingir o número de nove ministras a que Dilma atingiu. Isso sem falar na nomeação de mulheres para o Judiciário ou na substituição dos atendentes do avião presidencial por aeromoças. Isso não teria acontecido sem a determinação de Dilma. Lembro que FHC teve três ministras, e Lula, cinco.

Voltando ao simbólico, ainda não temos a medida. Serão necessárias algumas gerações para saber o efeito de ver, na TV, uma mulher falando como chefe da nação. Quanto tempo para as meninas passarem do brincar de princesa ao brincar de presidenta?

O príncipe não passará mais no cavalo branco, mas a autonomia e o poder são ingredientes muito atraentes. O cavaleiro não virá resgatar, será cúmplice e um igual.

De maior impacto para as mulheres, temos as ações do mês da mulher na área da saúde. Não é pouco reduzir 20% dos casos de mortalidade materna em um ano e colocar 22% a mais de recursos no combate ao câncer feminino.

Os caminhos políticos são árduos, e o recrudescimento do conservadorismo tem tido um preço -que não favorece as milhares de mulheres que morrem por aborto nem os gays trucidados por homofobia. A presidenta tem sido cautelosa no assunto. A nomeação de uma ministra que pensa diferentemente dessas forças foi um alento nesse impasse que parece uma muralha erigida por alguns no país e no Congresso Nacional.

Viva o dia 8 de março!

MARTA SUPLICY Folha de São Paulo de hoje.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Igualdade entre mulheres e homens na agenda da Rio+20


Até que todas sejamos livres!!!
Mulheres em Movimento rumo a Rio + 20




02/03 - Discurso da Ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, "Igualdade entre mulheres e homens na agenda da Rio+20"


No ano de 2012 o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – a Rio + 20. Um momento de avaliação e perspectivas do desenvolvimento global, tendo em vista, em especial, a crise vivida em grande parte dos países,crise esta que precisa ser consideradas em suas dimensões interligadas – financeira, econômica, energética, ambiental e social – que exigem novas respostas.

Sabemos que as mulheres são responsáveis pelo cotidiano das pessoas, pelas ações de cuidado e, em quase todo o mundo, têm papel fundamental na produção de alimentos, no manejo das florestas e fontes de bens naturais, e atuam de forma decisiva na preservação do meio ambiente. Nesta sessão da CSW, em que as mulheres rurais são o tema central, temos a oportunidade de confirmar que o desempenho deste papel em todo o mundo não vem acompanhado de direitos iguais, de rendimentos justos ou do protagonismo na tomada de decisões sobre o uso dos recursos.

Pensar o desenvolvimento sustentável com a inclusão das mulheres significa reconhecer também o trabalho doméstico, de cuidados, e para o autoconsumo, em sua maioria realizada por mulheres, como elementos de sustentação do conjunto das pessoas, e que necessitam ser compartilhados por toda a sociedade.

A construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável deve decorrer da participação ativa de setores sociais, tradicionalmente excluídos destes processos. Inúmeras ações, resistência e alternativas construídas pelas mulheres, ao longo dos anos, apontam para a efetivação da soberania alimentar e energética, com iniciativas que articulam outras formas de produção, consumo, uso da energia, da água e do solo.

Para nós isso se vincula a um novo paradigma de desenvolvimento, em que sustentabilidade, e desenvolvimento econômico se associam de forma estrutural à igualdade, à distribuição da riqueza e a uma igual distribuição do trabalho e dos bens.

As alternativas a serem construídas precisam levar em conta o compartilhamento do trabalho e das riquezas, de forma que o uso dos bens naturais deixe de ser concentrado social e geograficamente, no mundo e no interior dos países.

A partir de sua política econômica, o governo brasileiro aposta no crescimento econômico com elevação da renda dos mais pobres e no aprofundamento, ampliação e qualificação das políticas sociais.

A Política Nacional para as Mulheres, que define as diretrizes de nosso trabalho, enfatiza o desenvolvimento sustentável no meio rural e áreas urbanas com garantia de justiça ambiental, soberania e segurança alimentar. E nesta perspectiva, as discussões e temas da Conferencia Rio + 20 se enquadram, para nós, nos marcos dos compromissos do governo brasileiro com a efetiva inclusão da perspectiva de gênero em todo o processo de sustentabilidade econômica, política social, cultural, onde as mulheres rurais, indígenas, ribeirinhas, quilombolas, das florestas e negras são estruturantes no processo.

Destacamos, também, que a discussão sobre desenvolvimento não se descola do acesso a direitos e serviços.

A gravidade da violência de gênero no mundo rural, por exemplo, exige ações públicas direcionadas de prevenção, promoção de serviços e direitos e punição dos agressores. No campo e na cidade, tal violência de gênero começa na infância e vai até as mulheres idosas, dentro do cotidiano das casas e no trabalho fora de casa. As condições precaríssimas de trabalho, a dupla jornada do trabalho, o uso do tempo diferenciado e desigual entre as mulheres e homens, o trabalho escravo das crianças e adolescentes, a violência domestica e sexual, são alguns dos exemplos dolorosos a serem apontados.

Da mesma forma, os processos de desenvolvimento devem se combinar com a superação das dificuldades e precariedades no acesso aos serviços públicos de saúde. São empecilhos ao exercício dos direitos sexuais e reprodutivos, como o planejamento familiar, a gestação, parto e puerpério sem uma assistência com qualidade. Na maioria dos países – e isso não é diferente no Brasil – a fixação dos profissionais de saúde nas áreas rurais é bastante difícil.

Temos assumido liderança no cenário internacional para a construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável. Na Rio+20, teremos a oportunidade de debater experiências de políticas públicas e ações significativas de desenvolvimento sustentável com inclusão social, rompendo paradigmas e, buscando alternativa ao modelo de desenvolvimento hegemônico.

O compromisso com a agenda 21 e a Carta da Terra elegeram como princípios orientadores de consensos a necessidade de se efetivarem mudanças nos padrões de produção e consumo, de se garantir o pleno exercício dos direitos humanos e a inclusão das mulheres e das crianças em todas as dimensões da cultura e da política, em especial, de se promover o combate à pobreza. Também se destaca também a importância da defesa dos direitos de todas as pessoas, sem qualquer discriminação, a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, e concedendo-se atenção especial aos direitos dos povos indígenas e povos tradicionais. Insistimos, também, nas mulheres negras e populações vulneráveis em áreas urbanas e rurais.



Dar concretude a estas agendas e compromissos exige que se apontem políticas efetivas para alterar as desigualdades sociais. Em especial tendo em vista as mulheres rurais é central assegurar o pleno acesso ao crédito rural, aos insumos e implementos agrícolas, à propriedade da terra, ao aceso e manejo dos bens naturais e estratégicos para o desenvolvimento sustentável e solidário.

Isso também tem sido enfatizado pelo massivo massivo movimento de mulheres do campo e da floresta existente no Brasil, aqui representado pela Marcha das Margaridas e pelas mulheres da Via Campesina Brasil, presentes no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e na delegação oficial do Brasil nesta sessão. Como se destaca na voz das trabalhadoras rurais presentes no movimento de mulheres em nosso país, “sem a plena democratização da terra e da água e da garantia de seu acesso”, e com atenção especial às mulheres negras, populações vulneráveis, povos indígenas, tradicionais, não haverá soberania e segurança alimentar.

A democratização e mudanças e avanços de padrões tecnológicos, o acesso a serviços, a garantia do investimento público nas políticas que garantem e ampliam direitos são parte indispensável desse processo.

Queremos convidar a todas as delegadas, representantes de governo, da sociedade civil, do movimento feminista e de mulheres, a debater em seus países a pauta da Conferência do Desenvolvimento Sustentável, Rio + 20, tendo em vista a importância de fortalecer a perspectiva de que só poderemos construir um mundo sustentável e com igualdade, se os resultados da conferência afirmam uma identidade entre direitos, igualdade, desenvolvimento e sustentabilidade. E reconhecem a necessidade de alterar padrões de desenvolvimento que colocam de forma desigual sobre as mulheres o ônus da sustentabilidade do viver, do cotidiano do cuidado e da proteção dos bens comuns.



O engajamento de governos e sociedade civil em uma agenda de desenvolvimento sustentável com certeza repercutirá para que os debates da conferência possam efetivar uma pauta que além dos temas, sem dúvida indispensáveis, de modelos energéticos, associem o desenvolvimento com a distribuição da riqueza e as propostas de um futuro com igualdade.

Realizaremos, em conjunto com a ONU Mulheres, um encontro de mulheres líderes por ocasião da Rio +20, e contamos com os países aqui presentes no engajamento para que as presidentas e dirigentes dos países aí estejam representadas. Nossa pauta se concretiza também com o aumento da participação política das mulheres.

Reafirmo aqui, em nome da Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, nosso compromisso com as mulheres de buscar que o debate sobre o desenvolvimento econômico tenha a face social, cultural e política da igualdade entre mulheres e homens.



Obrigada. / Gracias.

Gestores de países da Ásia, África, Oceania e América Latina e Caribe conhecem projeto de agricultura familiar em Pirenópolis/GO

Em vários momentos conseguimos reunir as mulheres do campo com as da cidade, aqui em Florianópolis, essa troca de experiências é simplesmente fantástica. Temos muito o que aprender umas com as outras. Tanto no campo quanto na cidade, as dificuldades existem, há discriminação, violência, preconceitos, ausência de proteção social.

Que muitos projetos como este se multipliquem!









02.03.2012 – Visita de campo faz parte da programação do Curso de Formação em Políticas Públicas para a Igualdade de Gênero com Ênfase em Políticas para as Mulheres Rurais e Segurança Alimentar.

(Fonte: Observatório Brasil da Igualdade de Gênero)

Gestores vindos de países da Ásia, África, Oceania e América Latina e Caribe conheceram, ontem (1), o projeto Promessa de Futuro, localizado no povoado do Caxambu, município de Pirenópolis/GO. As/Os 28 participantes (26 mulheres e 2 homens) foram acompanhadas/os pela equipe da Secretaria de Políticas para as Mulheres e tiveram a oportunidade de visitar a propriedade onde o projeto é desenvolvido. Lá, o cultivo é realizado a partir da técnica de manejo agroflorestal, priorizando espécies nativas e conta com uma parceria com a Embrapa. A parceria se dá da seguinte maneira: a embrapa fornece sementes e auxílio técnico e, em contrapartida, os produtores verificam a viabilidade e o rendimento das plantas em questão, além de cuidarem do cultivo, que é realizado majoritariamente pelos homens.

Além do plantio, o projeto possui também uma agroindústria, localizada dentro da propriedade e que beneficia os alimentos, o que resulta em compotas de doces, picles, geléias, castanhas torradas, chás, etc. Nesta parte da produção, o trabalho – majoritariamente feminino - não é apenas familiar, mas envolve também as mulheres da região. Todos os produtos já possuem identidade gráfica personalizada e já foram inspecionados e adequados aos padrões da vigilância sanitária. O Projeto, além disso, é cadastrado na rede Slow Food, que propõe conjugar o prazer e a alimentação com práticas conscientes e responsáveis, tendo em vista as fortes conexões existentes entre o prato e o planeta.

A visita de campo ao projeto fez parte da programação do curso de Formação em Políticas Públicas para a Igualdade de Gênero com Ênfase em Políticas para as Mulheres Rurais e Segurança Alimentar, realizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). Os participantes demonstraram muito interesse pelo projeto e a visita tornou-se um momento de ricas trocas de experiências e saberes entre pessoas oriundas de lugares tão diversos.

Cartilha da Mulher Presa

"Crack Pedra da Morte"


Ontem e hoje acompanhamos a polêmica gerada por alguns setores da imprensa ao Projeto de Lei da Deputada Ana Paula Lima, com relação ao Crack.

A Deputada propõe que ao falarmos sobre esta droga, usemos a expressão "Crack Pedra da Morte", mas alguns ditos "iluminados" criticaram a ação, sem a conhecer na integra.




Hoje, na ALESC o Dep Mano Changes (PP/RS) trouxe este mesmo debate durante um Seminário: a necessidade de reafirmarmos em qualquer espaço que o Crack leva a morte.

Confesso que há muito não via uma palestra tão gostosa de participar e ao mesmo tempo repleta de informações. De forma direta e objetiva, envolvendo musica e situações reais, o Deputado envolveu a todos os presentes.

Pode alguem questionar: "Sim, mas todas as drogas levam a morte, pq usar de um PL para acrescentar "Pedra da Morte"?? Essa é a questão, lidamos com o Crack como se ele fosse apenas mais uma droga, mas ele não é.

O Crack vicia quase 90% dos usuários no primeiro contato, e 99,9999% até o terceiro contato. Em um dia, o usuário chega a fumar 30 pedras. Não há tratamento químico que reaja a dependencia e abstinencia, ou seja, não se trata o dependente de Crack da mesma forma que os dependentes do alcool, maconha, cocaina. Levamos até 7 meses para afastarmos o usuário da droga, mas em minutos ele pode retomar o ciclo vicioso. Crack, não é apenas mais uma droga, é realmente a pedra da morte.

Nossos jovens estão morrendo e precisamos de mais agentes no combate a este "exterminio".

quinta-feira, 1 de março de 2012

Algumas considerações para reflexão no 08 de março

Relatório elaborado para o 08 de março com algumas considerações e dados sobre a violência domestica contra a mulher em Santa Catarina. Há dados por regiões e municipios, com relação a boletins de ocorrência por lesão corporal, ameaças, estupros e homicidios. Acesse o Link

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Hoje é dia de falar de LER!


Hoje deixo aqui todo o meu carinho a trabalhadores e trabalhadoras, que em função do trabalho, adquiriram Lesões por Esforço Repetitivo.

Por ser o unico dia que não se repete todos os anos, hoje, 29 de fevereiro, é o Dia Internacional de Conscientização sobre as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Disturbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).

Queridezas, trabalhar sim, adoecer não!

Cuidado e muita atenção quando os primeiros sinais de dores localizadas, formigamento, inchaço, começarem a surgir nos punhos, cotovelos e mãos.

Quando diagnosticadas cedo, há cura das inflamações. Mas se atingir um grau de inflamação muito alto, infelizmente o processo de reabilitação é muito penoso, chegando ao ponto de perder os reflexos e os movimentos das mãos e braços.

Procure o seu Sindicato para maiores informações e cuide-se!

Beijarinhos meus com o desejo de um lindo dia!!!!!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

PESSOAS QUE MACHUCAM SEM BATER...


Há palavras que ferem tal qual uma faca afiada, cortam nosso coração, sangram a alma, ficam para sempre ecoando dentro de nós, na incerteza de um dia serem cicatrizadas.

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PESSOAS QUE MACHUCAM SEM BATER
(Por Martha Medeiros)

É fácil deixar uma pessoa emocionalmente em frangalhos. É só mirar no peito e atirar com palavras. Um dos maiores dramas femininos é a violência dentro de casa. Milhares de mulheres apanham do marido e do namorado. Não importa se são pobres ou ricas, analfabetas ou cultas: apanham uma, duas, três vezes e, em vez de fazerem a malinha e darem um novo rumo às suas vidas, mantêm-se onde estão, roxas e orgulhosas.

A maioria suporta a situação porque não tem como se sustentar, não tem para onde levar os filhos, elas estão nesse mundo sem pai nem mãe. Mas há outro motivo curioso: muitas mulheres encaram a surra como um contato íntimo. Na falta de um beijo, aceita-se um tapa. Dói, mas ninguém pode dizer que não existe uma relação a dois. É uma maneira masoquista de se fazer notar, de não se sentir ignorada pelo companheiro. Apanho, logo existo.

Que é medieval, nem se discute. Mas a humanidade convive há séculos com essas armadilhas, com essas cenas em que cada um interpreta como lhe convém. Podemos nos apiedar de quem sofre maus tratos em nome desse amor fora dos padrões, mas a verdade é que apanhamos todas, todos. Diga aí quem nunca machucou, quem nunca foi machucado, mesmo sem trazer marcas visíveis. Algumas pessoas são experts em não deixar cicatrizar velhas feridas, em fazer dor no ponto frágil. Insinuações doem, acusações injustas doem, desapego dói, indiferença, então. É justamente dentro das relações mais íntimas que se obtêm as melhores armas. A vulnerabilidade é terreno fértil para surras psicológicas.

Deixar uma pessoa emocionalmente em frangalhos não é passível de condenação. Não é crime, não deixa marcas de sangue no tapete. Mira-se no peito, atira-se com palavras, e os estilhaços caem para dentro. A violência física não tem essa premeditação. Ela caracteriza-se pela falta absoluta de controle. No momento em que se agride alguém com socos e pontapés, atravessa-se a fronteira do racional: vigora a degradação, a selvageria, o fim da civilidade. Por isso, preferimos a agressão verbal, que, apesar de também machucar, ao menos mantém a ordem.

O ideal, no entanto, seria escaparmos ilesos de qualquer brutalidade e convivermos apenas com abraços, sorrisos e palavras gentis, coisa que acontece geralmente, entre quem mal se conhece. A ternura full time só é comum entre pessoas cujas vidas não se misturam, não trazem conseqüências uma para a outra. Já a intimidade permite que a mágoa brote, transformando rancor em munição. Mike Tyson ao menos ganhava bem para bater e levar. No ringue, todo mundo perde.

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Solicitação URGENTE


Companheiros e Companheiras,

Em 08 de fevereiro de 2012, foi instalada no Congresso Nacional, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar a violência contra a mulher no Brasil e a implementação da Lei Maria da Penha nos Estados.

Em 15 de fevereiro, as Deputadas Federais Carmen Zanotto e Luci Choinacki, protocolaram o Requerimento 02/2012
(link http://www.senado.gov.br/sf/comissoes/documentos/SSCEPI/ReqVCM_a_Apreciar.pdf), solicitando a presença da CPMI em Santa Catarina. Dentro da justificativa a solicitação, encontra-se tambem a questão da ausencia de defensoria pública no estado.

Sabemos do comprometimento de todos e todas para que nosso estado tenha a Lei devidamente implementada, o que requer a construção dos equipamentos sociais necessários para proteção das mulheres em situação de violencia.
Amanhã, dia 28 de fevereiro, acontecerá a reunião da CPMI, que deverá apreciar o Requerimento acima citado.

Vimos através deste, solicitar que os companheiros e companheiras, encaminhem um email ainda hoje para antonio.lossio@senado.gov.br

Com o seguinte texto:

O (movimento/associação/sindicato/central), reafirma a necessidade URGENTE da presença da CPMI da Violência contra a Mulher no Estado de Santa Catarina, apoia a solicitação das Deputadas Federais Luci Choinacki e Carmen Zanotto através do Requerimento 02/2012 , a ser apreciado em reunião desta Comissão no dia 28 de fevereiro.
Certos de estarmos contribuindo para esta construção
Subscrevemos,

As Mulheres de Santa Catarina agradecem a contribuição de todos e todas
Saudações,
Schirlei Azevedo - MMTU/SC

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Março, Mês de Luta!


O mês de março está chegando e com ele as “comemorações” do dia internacional da mulher, mas o que realmente podemos comemorar? Alguns avanços aconteceram na ultima década com relação às políticas e programas sociais propostas pelo governo federal, mas que muitas vezes não chegam a todos os municípios por total falta de vontade política e comprometimento com as políticas para as mulheres por parte dos gestores locais, como exemplo, o pacto pelo fim da violência contra a mulher.

Avançamos também com o crescimento do nível de escolaridade das mulheres, possuímos maior esperança de vida e somos a maioria da População Economicamente Ativa (PEA) com mais de 11 anos de estudo. Mas esse avanço não diminuiu a diferença existente entre os salários de homens e mulheres que ocupam a mesma função no trabalho. Cabe aqui ressaltar que as condições para um trabalho saudável também são desiguais, como exemplo, as pesquisas afirmam que as mulheres são as maiores vitimas de assédio moral e sexual nas relações de trabalho.

Se entrarmos na questão do trabalho doméstico e de cuidados, responsáveis por uma segunda ou terceira jornada de trabalho diária, e não remunerado, verificaremos que a omissão do poder publico local, com a negação de políticas para idosos, portadores de deficiência e crianças de 0 a 5 anos, que dependem de cuidados especializados, dificulta ainda mais a possibilidade de mulheres buscarem um trabalho remunerado e com direitos assegurados. Em um país onde mais de 40% das famílias tem as mulheres como suas únicas responsáveis e 3 milhões e meio de brasileiros e brasileiras vivem sem o reconhecimento de paternidade, ou seja, em suas vidas existe ou existiu apenas a figura da mãe (dados estes com base em registros do Ministério da Educação).

Com relação à saúde das mulheres, muitos são os programas para a prevenção do câncer de mama e colo de útero, ao HIV e AIDs, a diabetes. Mas há a necessidade urgente de resolvermos a estimativa anual de 200 mil internações hospitalares por abortamento e 200 óbitos por aborto.

Há séculos as mulheres estão nas ruas lutando por um mundo de plena igualdade de direitos e oportunidades, conquistamos o direito de ter direitos como: a um trabalho remunerado, a estudar, a votar e ser votada, ao divorcio, e entre tantos outros direitos, a dizer basta a situação de violência doméstica.

A Lei Maria da Penha é uma vitoria do movimento de mulheres e representa um marco para o fim da violência contra a mulher e para a proteção das mulheres em situação de violência doméstica ou familiar, são quase seis anos debatendo com toda a sociedade a necessidade de termos equipamentos sociais que protejam as mulheres de seus agressores. Equipamentos como delegacias especializadas, casas abrigo, centros de referencia, juizados especiais, defensoria publica.

Mais de 70% da população brasileira conhece a Lei Maria da Penha, a sociedade tem debatido, o judiciário votou por sua constitucionalidade, mas como explicar que em Santa Catarina, nos primeiros 45 dias deste ano (01 de janeiro a 14 de fevereiro/2012), foram registradas: 3054 ocorrências por Ameaças, 1618 ocorrências por Lesão Corporal, 17 ocorrências por Tentativas de Homicídio Doloso, e 2 ocorrências por Homicídio Doloso, todos com relação a violência doméstica contra a mulher, e não há o registro de que estes agressores estejam presos. Ou que as mulheres que registraram as ocorrências e procuraram auxilio, estejam protegidas pelo estado.

Este ano comemoramos os 80 anos da conquista do direito de votar e ser votada, mas as mulheres ainda são menos de 10% das chefias das prefeituras e são cerca de 12% dos vereadores. A Lei de Cotas, mais uma grande conquista das mulheres, determina a inscrição de pelo menos 30% de candidatos de cada sexo e não podemos esperar 80 anos para avançarmos na conquista de espaços importantes de poder e decisão como Prefeituras e Câmaras de Vereadores, onde são propostas e efetivadas as políticas publicas que possibilitarão reais condições de igualdade e oportunidade para homens e mulheres.

Eu vou comemorar, somente quando não precisar mais lutar!

Violência contra a Mulher - SC 2014