terça-feira, 17 de abril de 2012

=> As Escolhas da Vida, ou Uma Vida sem Escolhas?




A Vida é feita de escolhas, e escolhe viver em paz e ser feliz quem quer. Frase linda de se dizer e ouvir. Como se realmente tivessemos o direito de escolha. Nosso cotidiano é a prova de que não há escolhas. Acordamos cedo, nos dirigimos ao trabalho, realizamos nossas tarefas, totalmente controlados pelo "tic tac" do relógio.

Hora do café, do almoço, do descanso, do onibus, das filas, das reuniões, do retorno. E nesse meio tempo, as poucas informações que nos chegam, são registradas como verdadeiras, pois não há tempo para que sejam conferidas. Lemos rapidamente o horoscopo do dia na busca de um sinal de que aquele dia será um dia diferente. Procuramos noticias dos famosos, como se estes fossem nossos parentes mais chegados, como se vivessemos a vida deles.

Olhamos as paginas policiais para descobrirmos quais as novas barbaries da vida urbana, ou para nos conformarmos que há vidas piores que as nossas, minha mãe sempre dizia: "Estas vendo isso? Pois é, quem não estuda e anda direitinho, acaba assim", e o pior que por muito tempo eu acreditei que bastava fazer aquela escolha, estudar e andar direitinho.

Opa! O relógio informa que temos alguns minutos para nos alimentarmos. Corremos até a lanchonete na esquina e pedimos um refrigerante e um pastel, por serem práticos e rapidos. Imagina, não podemos perder muito tempo, mas quando vamos pagar pelo pastel e o refrigerante, descobrimos que poderiamos ter escolhido algo bem mais saudavel, quase que no mesmo valor, por diferença de centavos não cuidamos nosso corpo. Mas garantimos a prestação daquela televisão super ultra moderna. Sim, as vezes, esses centavos podem fazer a diferença na hora de levar o leite pra casa. E realmente, não há escolha.

Pois então, a Vida é feita de escolhas e somente escolhe sobreviver quem tem a oportunidade de optar. Sabemos que há muitas pessoas que jamais terão direito a estas escolhas. Salvo se acontecesse um "milagre divino" e amanhã acordássemos no "paraíso", onde as pessoas se olhassem e se percebessem como iguais em direitos e oportunidades. Que realmente lhes fosse concedido o que hoje eu chamo de "dom de sonhar e desejar". Este paragráfo ficou muito religioso. Mas quem hoje, depois da imprensa, tem o poder de dizer as pessoas para se conformarem com a vida ao som do "tic tac"?

Sim, pois em um mundo onde as pessoas estão cada dia mais controladas por esses ponteirinhos, ou pelos tons de "uma nova mensagem" e "chamadas", "chamadas em espera", onde não há espaço, tempo, para sonhar e desejar algo a mais e que este algo a mais não sejam simplesmente coisas. São raras as pessoas que conseguem olhar nos olhos de outra pessoa e compreender que ela não escolheu viver desta ou daquela forma, ela simplesmente optou por sobreviver dentro das possibilidades que lhe foram postas, ou impostas.

Alguem comentou comigo esses dias na fila do açougue em um supermercado "engraçado, se eu fosse colocar um valor para cada frango que eu corto lá no frigorifico e se eu fosse comprar esses mesmos frangos aqui fora, eu jamais conseguiria". Aquilo me chamou a atenção e me remeteu a uma aula de acumulação capitalista. Realmente, passamos horas, dias, meses, anos, vidas, trabalhando e não paramos o relógio para calcularmos o valor do nosso trabalho, o valor de cada "tic tac" que dita de que forma deveremos sobreviver.

Você, que tirou um tempinho para ler essa minha viagem, alguma vez calculou o valor das horas que vive em função do trabalho, o quanto tem que abrir mão de sua vida pessoal, do seu lazer e os momentos com a familia, do participar do crescimento de seus filhos, das horas de estudo e aperfeiçoamento para executar seu trabalho com mais "competencia", das horas de sono que perdeu ao lembrar do trabalho que deixou para o dia seguinte, das vezes que boicotou o seu corpo por não se alimentar saudavelmente ou por seu trabalho exigir do seu corpo mais do que pode, dos sapatos e roupas que teve que comprar para se dirigir ao trabalho, de quantos celulares carrega na bolsa ou já trocou por força das necessidades de comunicação permanente com o trabalho, das horas intermináveis no transito, dos riscos que já correu, enfim, voce tem noção do quanto vale realmente o seu trabalho?

Uma ultima pergunta, quantos relógios você já comprou?

Comecei falando de escolhas, relógios e cheguei a questão do trabalho, você pode até pensar "nossa, ela hoje realmente viajou", pode ter certeza, adoro viajar. Eu optei por viajar, ou melhor, a vida me possibilitou viajar e compreender que em cada viagem dessas eu tenho uma grande responsabilidade. A responsabilidade de chegar até você com algumas questões que você não irá encontrar nas paginas policiais ou fofocas de famosos, em telejornais tendenciosos, programas humoristicos, revistas de banheiro ou consultorios medicos.

Aqui tenho a oportunidade de dizer a você que você não precisa abrir o jornal para ler seu horóscopo na esperança de que seu dia seja diferente. Procure criar as oportunidades para ser realmente feliz, sonhe, deseje, olhe com os olhos do coração, da alma, perceba o mundo de uma outra forma, muito além de ver apenas coisas, enxergue realmente a essência. Podemos e devemos recomeçar todos os dias.

Quem sabe com belos e gostosos "Bom Dia!", isso sim, vai depender de você!

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