quarta-feira, 6 de junho de 2018

Atlas da Violência 2018




(acesse o link acima)



Em 2016, o Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios, segundo informações do Ministério da Saúde (MS), o que equivale a uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, correspondendo a 30 vezes a taxa da Europa. Apenas nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no Brasil.



A violência letal contra jovens, não tem surpresas, traz uma situação ainda mais grave e que se acentuou no último ano: os homicídios respondem por 56,5% da causa de óbito de homens entre 15 a 19 anos. Quando considerados os jovens entre 15 e 29 anos, observamos em 2016 uma taxa de homicídio de 142,7 por 100 mil habitantes.



Outra questão já abordada em outras edições do Atlas da Violência é a desigualdade das mortes violentas por raça/cor, que vem se acentuando nos últimos dez anos, quando a taxa de homicídios de indivíduos não negros diminuiu 6,8%, ao passo que a taxa de vitimização da população negra aumentou 23,1%. Assim, em 2016, enquanto se observou uma taxa de homicídio para a população negra de 40,2, o mesmo indicador para o resto da população foi de 16, o que implica dizer que 71,5% das pessoas que são assassinadas a cada ano no país são pretas ou pardas.



Dos estupros no país, os dados são estarrecedores, em que 68% dos registros, no sistema de saúde, se referem a estupro de menores e onde quase um terço dos agressores das crianças (até 13 anos) são amigos e conhecidos da vítima e outros 30% são familiares mais próximos como país, mães, padrastos e irmãos. Além disso, quando o perpetrador era conhecido da vítima, 54,9% dos casos tratam-se de ações que já vinham acontecendo anteriormente e 78,5% dos casos ocorreram na própria residência.



Uma das principais facetas da desigualdade racial no Brasil é a forte concentração de homicídios na população negra. Quando calculadas dentro de grupos populacionais de negros (pretos e pardos) e não negros (brancos, amarelos e indígenas), as taxas de homicídio revelam a magnitude da desigualdade. É como se, em relação à violência letal, negros e não negros vivessem em países completamente distintos. Em 2016, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (16,0% contra 40,2%). Em um período de uma década, entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa entre os não negros teve uma redução de 6,8%.



Em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas no país, o que representa uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras. Em dez anos, observa-se um aumento de 6,4%. Cabe também comentar que a taxa de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras.



A base de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade não fornece informação sobre feminicídio, portanto não é possível identificar a parcela que corresponde a vítimas desse tipo específico de crime. No entanto, a mulher que se torna uma vítima fatal muitas vezes já foi vítima de uma série de outras violências de gênero, por exemplo: violência psicológica, patrimonial, física ou sexual. Ou seja, muitas mortes poderiam ser evitadas, impedindo o desfecho fatal, caso as mulheres tivessem tido opções concretas e apoio para conseguir sair de um ciclo de violência.



Para o enfrentamento da violência contra a mulher, além de dar visibilidade aos crimes, é fundamental a manutenção, a ampliação e o aprimoramento das redes de apoio à mulher, previstos na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), que viabilizam o atendimento e as alternativas de vidas para as mulheres. A rede de atendimento deve garantir o acompanhamento às vítimas e empenhar um papel importante na prevenção da violência contra a mulher. Além de ser assistida pelo sistema de justiça criminal, a mulher deve conseguir ter acesso à rede também por meio do sistema de saúde, já que em muitos casos as mulheres passam várias vezes por esse sistema antes de chegarem a uma delegacia ou a um juizado.



O Atlas da Violência 2018, produzido pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), construiu e analisou inúmeros indicadores para melhor compreender o processo de acentuada violência no país.


Publicação cadastrada em: 5 de junho de 2018



terça-feira, 24 de abril de 2018

EC 95 – de PEC da Morte a Morte dos Sonhos


(Foto - João Roberto Ripper)

A EC 95 é o maior exemplo de violência institucional contra a sociedade brasileira. Tiram do povo para financiar Globo, Veja, Folha, Facebook e afins. Os veículos do grupo Globo receberam R$ 46 milhões do governo federal em Jan/Out de 2017, aumento de 50% sobre 2015.



EC 95 – de PEC da Morte a Morte dos Sonhos


*Schirlei Azevedo – Assessora Bancada PT ALESC,
Vice-presidenta PT Florianópolis/SC



A Emenda Constitucional 95 é, sem qualquer dúvida, o mais emblemático exemplo de violência institucional de um governo contra os sonhos e a vida de sua população. Uma violência silenciosa que aprofunda as desigualdades, afronta a democracia e gera um exército de pessoas socialmente desprotegidas.


A omissão por parte do poder publico é a principal responsável pela violência que se reproduz nas ruas e nos lares, e é o alimento gerador da fábrica de produção da miséria que se estabelece no Brasil e se aprofundará nos próximos anos.


A EC 95 passou a ter efeito em 2017, limitando o aumento de gastos à inflação do ano anterior, com exceção das áreas da Saúde e Educação, onde o teto será aplicado a partir de 2018. Porém, em 2017 já tiveram queda orçamentária em torno de 17% para a saúde e 19% para a educação.


Esta medida de austeridade, a PEC da Morte do Estado Democrático, não só rompeu o Pacto Constitucional de 1988 e afetou diretamente os investimentos para garantir direitos humanos e proteção social, como também violou os tratados internacionais onde o Brasil é signatário.


De acordo com normas internacionais,


"as medidas de consolidação fiscal devem: ser temporárias, estritamente necessárias e proporcionais; não discriminatórias; levar em consideração todas as alternativas possíveis, inclusive medidas tributárias; proteger o conteúdo mínimo dos direitos humanos; e ser adotadas após cuidadosa consideração e genuína participação dos grupos e indivíduos afetados nos processos de tomada de decisão" (Committee on Economic, Social and Cultural Rights, 2012 - 2016).


Os Governos Lula e Dilma realizaram sonhos através do acesso a educação (Sisu, ProUni, Fies, Pronatec, Ciência sem Fronteiras, expansão de Universidades Federais e Institutos Federais), o acesso a terra e aquisição da casa própria, com programas para a geração de emprego e distribuição de renda (pleno emprego) e com políticas de enfrentamento a várias formas de violências, principalmente a violência contra as mulheres.


Em 2014 o orçamento para as políticas para a promoção da autonomia e combate a violência contra a mulher chegou a R$154 milhões (valores corrigidos). Em 2015, caiu para R$ 107 milhões, passou para R$ 81 milhões em 2016 e em 2017 caiu para R$ 57 milhões. As políticas para as mulheres perderam nesse período 62,8% do orçamento.


De 2014 a 2017 foram 164 serviços especializados como: abrigos, centros de atendimento, delegacias e varas judiciais especializadas fechados no Brasil. Em não havendo os equipamentos sociais necessários para a efetivação da Lei Maria da Penha, os índices de violência contra a mulher (já absurdos) tendem a subir, em proporcionalidade a redução orçamentária.


Casa da Mulher Brasileira – o programa “Mulher viver sem violência” previa a construção de uma casa em cada capital brasileira, apenas três casas estão abertas. Observatório de Gênero - perdeu prioridade institucional e seu Relatório Anual Socioeconômico da Mulher foi publicado pela última vez em 2014. O governo parou de publicar as estatísticas bianuais da linha telefônica - 180, para mulheres denunciarem e se informarem sobre violência de gênero.


O não investimento em programas de combate a violência, de promoção da autonomia das mulheres, de acesso a educação e saúde públicas, de segurança, de habitação e de saneamento, de geração de emprego e distribuição de renda, praticamente obrigam as mulheres a abrirem mão do trabalho formal (ou informal) remunerado e a assumirem as responsabilidades dos cuidados com as crianças, as pessoas adoecidas, idosas e com deficiência. Reforçando o papel conservador de delegar às mulheres a responsabilidade pelo espaço privado.


De acordo com estudo realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) em parceria com a Oxfam Brasil e o Centro para os Direitos Econômicos e Sociais, publicado em dezembro de 2017, há uma queda de até 83% em políticas publicas voltadas à área social nos últimos três anos.


A área que mais perdeu recursos desde 2014 foi a de direitos da juventude com 83% de redução. Inviabilizando políticas importantes como o plano de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra (Juventude Viva), ou o Programa Estação Juventude e o programa Juventude Rural.


O Brasil durante anos foi referência mundial no combate a fome através de políticas sociais que possibilitaram o acesso a alimentação adequada e saudável, onde o principal problema não estava na produção de alimentos e sim no acesso. Os impactos da EC 95 projetam uma redução orçamentária para as políticas desenvolvidas através do Ministério de Desenvolvimento Social de 54% do orçamento (IPEA).


Os investimentos com programas voltados à segurança alimentar foram reduzidos em 76%. O Programa Cestas de Alimentos para os povos e comunidades tradicionais que em 2014 tinha alocado na Lei Orçamentária Anual (LOA) um orçamento de R$ 82 milhões, em 2018 passou a ter R$27 milhões. O orçamento para a aquisição de alimentos diretamente da agricultura familiar, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em 2014 estava em R$1,3 Bilhões, para 2018 há R$ 431 milhões estimados.


A dotação orçamentária para o Programa Bolsa Família passou de R$ 29,77 bilhões, em 2017, para R$ 28,7 bilhões em 2018 - um recuo de 3,6%, ou R$ 1,07 bilhão. De acordo com o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), 96% dos valores repassados através do Programa Bolsa Família, são utilizados para a alimentação.


O Programa para universalização do acesso a água, Programa Cisternas, em 2014 teve orçamento de R$ 643 milhões, já em 2018 o orçamento previsto está em R$40 milhões. Já o Programa de Inclusão Produtiva para as Mulheres (rurais e negras) em 2014 contou com R$ 32 milhões, em 2018 tem apenas R$ 4 milhões.


As políticas para mudanças climáticas tiveram queda de 72%. Programas para moradia digna e de defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes, perderam 62%. Para a promoção da igualdade racial a perda foi de 60% em recursos.


Por todos os motivos acima elencados e tantos outros comprovados através dos dados apontados pelos estudos citados, a EC 95 atinge significativamente a vida de milhões de brasileiros, especialmente das brasileiras, fere tratados internacionais onde o Brasil é signatário, rompe o pacto constitucional de 1988, mergulha o Brasil na maior crise social e econômica de sua história, atinge diretamente Estados e Municípios e transforma um estado democrático em um estado de exceção, onde as pessoas sequer tem o direito de sonhar.


Pela revogação da EC 95, ja! Assine: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR102140


#PelaDemocracia #PelaSoberaniaNacional #PelaVidaDasMulheres #PorTodasVivas #PorTodasLivres #DireitosValemMais #LulaLivre #EuSouLula





Fontes:


https://www.oxfam.org.br/sites/default/files/arquivos/Relatorio_A_distancia_que_nos_une.pdf


http://www.inesc.org.br/noticias/noticias-do-inesc/biblioteca/publicacoes/outras-publicacoes/direitos-humanos-em-tempos-de-austeridade/view


http://austeridade.plataformadh.org.br/files/2017/11/publicacao_dhesca_baixa.pdf


https://www.youtube.com/watch?time_continue=5398&v=_cPW2dx8C9I

sexta-feira, 23 de março de 2018

Papo com Neruda e Lula




#MomentosMeusQueNãoAbroMão

Sabe aqueles dias que você acorda com uma saudade grande no peito? Então... gosto de estar com Neruda nestes momentos. Viajo com Neruda, brigo com ele quando as palavras sufocam, choro com as dores e sorrio quando o sinto sussurrar amores.

Hoje recebi os versos de "o teu riso" e me lembrei da sequência de fotos que a Marta tirou em Brasilia e do quanto esse sorriso e abraço me fizeram bem

Assim te quero meu líder e compa #Lula...

Sorrindo... Sorrindo pelas ruas da ilha
A nossa luta tem sido árdua,
O sangue nas ruas,
A volta da fome
Olhares cansados e sem vida
Mas... O coração bate forte
E a gente não se entrega
Pois na primavera a esperança reascenderá
Amo-te!
(mas não quero casar contigo... rssss)



#LulaEmFloripa
#LulaLivre #Lula2018
#PelaDemocracia
#PorTodasNós




"O teu riso"


Tira-me o pão, se quiseres,

tira-me o ar, mas não

me tires o teu riso.


Não me tires a rosa,

a lança que desfolhas,

a água que de súbito

brota da tua alegria,

a repentina onda

de prata que em ti nasce.


A minha luta é dura e regresso

com os olhos cansados

às vezes por ver

que a terra não muda,

mas ao entrar teu riso

sobe ao céu a procurar-me

e abre-me todas

as portas da vida.


Meu amor, nos momentos

mais escuros solta

o teu riso e se de súbito

vires que o meu sangue mancha

as pedras da rua,

ri, porque o teu riso

será para as minhas mãos

como uma espada fresca.


À beira do mar, no outono,

teu riso deve erguer

sua cascata de espuma,

e na primavera, amor,

quero teu riso como

a flor que esperava,

a flor azul, a rosa

da minha pátria sonora.


Ri-te da noite,

do dia, da lua,

ri-te das ruas

tortas da ilha,

ri-te deste grosseiro

rapaz que te ama,

mas quando abro

os olhos e os fecho,

quando meus passos vão,

quando voltam meus passos,

nega-me o pão, o ar,

a luz, a primavera,

mas nunca o teu riso,

porque então morreria.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Agenda Internacional - Assembleia Mundial de Mulheres no Fórum Social Mundial 2018




Agenda Mundial - Assembleia Mundial de Mulheres no Fórum Social Mundial 2018


O Fórum Social Mundial de Salvador 2018 trabalhou para a construção de uma carta de convergência de dez pontos inegociáveis para a agenda feminista internacional.


Aos executivos e legislativos (municipais, estaduais, e nacional) cabe: propor, fiscalizar e defender ações que superem as desigualdades e desnaturalizem as violências cotidianas contra as mulheres.


Aos movimentos sociais, sindical, de mulheres e feministas: lutar e defender os 10 pontos, em todos os espaços que circulam. Dialogar cotidianamente com a sociedade, a família, vizinhas, amigas.




Seguem os 10 pontos:


* Pelo pleno reconhecimento do trabalho produtivo e reprodutivo, contra o assédio sexual e moral no trabalho, pela equidade salarial, exigimos políticas públicas para garanti-las;


* Pelo fim dos feminicídios, transfeminicídios e de todas as formas de violência, sejam elas sexuais, físicas, psicológicas, domésticas praticadas em âmbito público, privado e no ativismo;


* Pelo direito de decidir sobre os nossos corpos, sentimentos e pensamentos com autonomia, sem a interferência do Estado, dos fundamentalismos religiosos e do poder corporativo;


* Pela emancipação real e substantiva e pelo acesso ao poder político;


* Pelo fim da utilização de nossos corpos como arma de guerra. Pelo fim da perseguição e assassinato de defensoras e defensores de direitos humanos;


* Pelo acesso de todas e todos à educação universal emancipadora, libertadora e não sexista;


* Contra o racismo, a xenofobia, o genocídio e o fim do encarceramento das pessoas negras, indígenas e pobres;


* Pelo reconhecimento de nossa identidade e expressão de gênero, auto-percebida/auto-determinada. Pela plena garantia de nossos direitos. Pelo fim da discriminação e da violência contra a orientação sexual, a identidade e a expressão de gênero;


* Pelo desmantelamento da estrutura patriarcal dos meios de comunicação, pelo fim da mercantilização e hipersexualização de nossa imagem. Nossa invisibilidade nesses meios contribui para o silenciamento de nossas lutas;


* Pela justiça climática. Somos parte da natureza, e não donas dela. Contra o capitalismo, colonialismo e imperialismo que nos explora e nos expulsa em várias partes ao redor do planeta.






#MarielleVive


#PorTodasNós


#PorTodasVivas


#PorTodasLivres

terça-feira, 20 de março de 2018

Pela Revogação da EC95 #DireitosValemMais

Registro os motivos que me levam a apoiar e divulgar a Campanha "Direitos valem mais, não aos cortes sociais: por uma economia a favor da vida e contra todas as desigualdades"  lançada durante o debate "Austeridade e Desmonte do Estado Nacional" no Fórum Social Mundial 2018.
E convido a militância dos movimentos sociais, movimento sindical, movimento de mulheres e feministas, a se engajarem na Campanha pela Revogação da EC95



#DireitosValemMais

Em outubro de 2016 escrevi sobre "A PEC 241 e as Mulheres"  (PEC da Morte) e naquele momento discutia o quão perversa aquela proposta de emenda a constituição, que cortaria e congelaria os investimentos sociais pelos próximos 20 anos, seria para a vida das mulheres.

A proposta foi aprovada em dezembro de 2016, passando a vigorar como Emenda Constitucional 95 (EC 95). Os efeitos da EC 95, que limita o aumento de gastos à inflação do ano anterior, passou a ter efeito em 2017, com exceção das áreas da Saúde e Educação, onde o teto será aplicado à partir de 2018, mas em 2017 já tiveram quedas orçamentárias em torno de 17% - saúde, 19% - educação.

Apesar de importantes pensadores e pensadoras da economia brasileira terem defendido ser necessário e mais eficaz auditar a divida publica, taxar grandes fortunas, rever isenções, agir fortemente contra sonegações, o governo decidiu por adotar o teto de gastos como solução para o déficit fiscal no País.

Esta medida de austeridade não só afetou diretamente os investimentos em direitos humanos e proteção social, principalmente nas politicas para a juventude, as mulheres e a promoção da igualdade racial, mas também violou os tratados internacionais onde o Brasil é signatário.

De acordo com normas internacionais de direitos humanos, "as medidas de consolidação fiscal devem: ser temporárias, estritamente necessárias e proporcionais; não discriminatórias; levar em consideração todas as alternativas possíveis, inclusive medidas tributárias; proteger o conteúdo mínimo dos direitos humanos; e ser adoadas após cuidadosa consideração e genuína participação dos grupos e indivíduos afetados nos processos de tomada de decisão" (Committee on Economic, Social and Cultural Rights, 2012 - 2016).

Vejamos:

As Políticas para as Mulheres perderam 62,8% do orçamento. Em 2014 o orçamento para as politicas para a promoção da autonomia e combate a violência contra a mulher chegava a R$ 154 milhões (valores corrigidos). Em 2015, caiu para R$ 107 milhões, passou para R$ 81 milhões em 2016 e em 2017 caiu para R$ 57 milhões.

De 2014 a 2017 já tivemos 164 serviços especializados como: abrigos, centros de atendimento, delegacias e varas fechados no Brasil. Em não havendo os equipamentos sociais necessários para a efetivação da Lei Maria da Penha, os índices de violência contra a mulher (já absurdos) tendem a subir, em proporcionalidade, a redução orçamentária.

Casa da Mulher Brasileira — que deveriam ser construídas em 25 capitais brasileiras - apenas três casas estão abertas e nenhuma nova casa foi construída em 2017.

O ‘Observatório de Gênero’ perdeu prioridade institucional e seu Relatório Anual Socioeconômico da Mulher foi publicado pela última vez em 2014 e o governo parou de publicar as estatísticas bianuais da linha telefônica para mulheres vítimas de violência de gênero (180).

Cabe ressaltar que tais medidas de austeridade reforçam o papel conservador de delegar às mulheres os cuidados com o espaço privado, na medida em que o Estado se exime e se omite de tais responsabilidades. O não investimento em programas de combate a violência, de promoção da autonomia das mulheres, de acesso a educação e saúde públicas, de segurança, de habitação e de saneamento, de geração de emprego e distribuição de renda, praticamente obrigam as mulheres a abrirem mão do trabalho formal remunerado e a assumirem as responsabilidades dos cuidados com as crianças, as pessoas adoecidas, idosas e com deficiência.

De acordo com estudo realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) em parceria com a Oxfam Brasil e o Centro para os Direitos Econômicos e Sociais, publicado em dezembro de 2017, há uma queda de até 83% em políticas publicas voltadas à área social nos últimos três anos.

A área que mais perdeu recursos desde 2014 foi a de direitos da juventude com 83% de redução. Inviabilizando políticas importantes como o plano de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra (Juventude Viva), ou o Programa Estação Juventude e o programa Juventude Rural.

Os investimentos com programas voltados à segurança alimentar foram reduzidos em 76%, as políticas para mudanças climáticas tiveram queda de 72%. Programas para moradia digna e de defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes, perderam 62%. Para a promoção da igualdade racial a perda foi de 60% em recursos.

Por todos os motivos aqui elencados e tantos outros comprovados através dos dados apontados pelo estudo acima citado, reafirmo o que já havia dito em 2016: a EC 95 atinge significativamente a vida de milhões de brasileiras, fere tratados internacionais onde o Brasil é signatário, rompe o pacto constitucional de 1988, mergulha o Brasil na maior crise social e econômica de sua história e transforma um estado democrático em um estado de exceção.

Faço um convite a todos, todas e todes, que comungam do mesmo pensar, a se engajarem na luta pela revogação da EC 95 e a participar dos 10 dias de ativismo pela revogação da EC 95 (de 07 a 17 de abril). Construindo atividades de debates em seus locais de trabalho, com vizinhas, familiares, amigas e amigos.

Mais informações sobre a Campanha 

#PelaDemocracia
#PelaSoberaniaNacional
#PelaVidaDasMulheres
#PorTodasVivas
#PorTodasLivres
#DireitosValemMais


Violência contra a Mulher - SC 2014